Inconfidência Mineira
Entre os principais movimentos emancipacionistas que já possuem um caráter questionador do Sistema Colonial o de maior importância foi a Inconfidência ou Conjuração Mineira, de 1789. Nesta rebelião encontramos diversos antecedentes, como o crescente abuso do fiscalismo português na região aurífera, acompanhado pelo acirramento da dominação política-militar lusa. As influências das idéias liberais (do Movimento das Luzes) e da independência dos Estados Unidos são nítidas nas manifestações dos seus participantes. Estes eram em sua maioria letrados: alguns estudantes brasileiros na Europa, como José Joaquim da Maia, que tentou o apoio de Thomas Jefferson; os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio de Alvarenga Peixoto, Tomás Antônio Gonzaga; os doutores José Álvares Maciel, Domingos Vidal Barbosa e Salvador Amaral Gurgel; os padres Manuel Rodrigues da Costa, José de Oliveira Rolim e Carlos de Toledo Piza; e alguns militares como o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
As propostas dos inconfidentes
Nos planos dos conjurados, idealistas mas caracterizados pelo despreparo militar e por uma certa inconsistência ideológica, evidenciavam-se, no entanto, alguns princípios teóricos, tais como o ideal emancipacionista vinculados a uma forma republicana de governo. Esta teria como sede a cidade mineira de São João del-Rei. Quanto à abolição da escravidão, porém, não chegaram a um acordo. Dada a composição de seus participantes, a conspiração perdia-se em um plano ideal ligado ao intelectualismo de alguns conjurados, em que preocupações com o que viria, como a criação de uma Universidade em Vila Rica, a criação de uma bandeira (Libertas Quae Será Tamem) e os planos em relação ao incremento à natalidade, sobrepunham-se á organização militar do próprio movimento.
O fim da conjuração
A eclosão da revolução tinha na cobrança da “derrama” (596 arrobas) de ouro o seu pretexto. Em maio de 1789, porém, a conjura foi denunciada pelos portugueses Joaquim Silvério dos Reis, Brito Malheiros e Inácio Correia Pamplona. Presos os conspiradores, foi iniciada a devassa (inquérito) dirigida pelo próprio governador, o visconde de Barbacena, e que se prolongou até 1792. Embora, num primeiro momento, todos fossem condenados à morte, um decreto de D. Maria I comutou a pena de morte dos inconfidentes, à exceção de Tiradentes, que foi executado no mesmo ano.
Com sua morte, em 1792, Joaquim José da Silva Xavier. o Tiradentes, tornou-se o mártir da independência do Brasil.
Apesar de seu caráter idealista e intelectualizado, a Inconfidência Mineira foi a contestação mais conseqüente ao Sistema Colonial Português.
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